Etiquetas: Portugal, Viva a República
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As promessas eleitorais de Barack Obama no talk-show de David Letterman. Pegando nas últimas presidenciais portuguesas, imaginem Cavaco, Alegre ou Soares a fazer o mesmo. Pois, não imaginam...
(via Blasfémias)
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Duas pinceladas de actualidade
1 Comments Publicado por POS - sábado, 26 de janeiro de 2008 às 14:48.Pedir a cabeça do ministro é um caminho fácil, mas não conduz à resolução de um problema que é quase civilizacional. O telefonema para o INEM, lançado para a esfera mediática para combater a intocabilidade dos bombeiros, indicia um mal que, não sendo de modo algum geral, está há muito identificado e nunca foi combatido. Qualquer pessoa que já tenha tido contacto com algumas corporações de bombeiros, no Interior, sabe que o voluntariado, muitas vezes, mais não significa do que uma vontade de afirmação pessoal em sociedades de horizontes limitados. É o fascínio da farda, são os metais dourados que refulgem nas retinas das moças, são os bailaricos, as fanfarras, as dispensas do trabalho para tocar nas fanfarras... Não é a regra, repito, mas ainda funciona muito assim, e não são poucos os voluntários sem preparação efectiva, até no que ao combate a fogos respeita (lembre-se a tragédia de Armamar, resultante da incapacidade de leitura das circunstâncias previsíveis de um incêndio florestal). Torna-se notório que o ministro quer implementar um sistema sem assegurar que não há peças enferrujadas, o que é condenável, mas (sem pôr em causa o imprescindível e louvável papel dos voluntários) esquece-se que os ditos "soldados da paz" formam um grupo de pressão demasiado poderoso, em boa parte por causa da aura de santidade que impede o questionamento duma série de coisas.
Corrupção
Caem o Carmo e a Trindade por causa de uma declaração do bastonário da Ordem dos Advogados. António Marinho e Pinto, queira-se ou não, tem o mérito de agitar as águas. Sempre teve, mesmo quando não fala com o mais profundo conhecimento dos assuntos. Não fazem sentido os gritinhos ofendidos de parlamentares e quejandos (é antidemocrático falar em "classe política", porquanto a política deve ser a cidadania aberta a todos, não um privilégio de classe). Dos políticos, portanto, é apenas expectável que exijam investigações que dissipem as dúvidas, dúvidas essas que subsistem com ou sem declarações de bastonários. Dizer que o bastonário tem de concretizar as acusações é folclore, na medida que não é responsável pela investigação criminal neste país. Assim, no meio de tudo isto, fica a impressão de que haverá um pacto de silêncio que vincula todos os que assumem determinados cargos e que, por não o cumprir, Marinho e Pinto é um alvo a abater. Mas isso não passa de uma impressão, mais coisa de cidadão do que de blogger.
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Assinala-se agora o quinto centenário do momento em que o designer privado deste blogue, Michelangelo Buonarroti, começou a trabalhar no cabeçalho. Quando escolhi o detalhe d'A Criação de Adão que encima esta página, soube que estava a ser pouco original, mas teve todo o significado, então, usá-lo, associado a um título que muitos identificarão com a obra de Miguel Torga, mas que, enfim, foi definitivo mal me surgiu na cabeça. A coisa rola, não estou descontente com a forma que isto tem ganho, algo diferente dos dois blogues precedentes. E assim os dias e as noites se vão sucedendo
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de um país parado no tempo
Olharmos para uma sequência de eventos no passado, como as invasões francesas, e pensar que a compreendemos ao nomear heróis e batalhas é, muito simplesmente, o mesmo que cingir o retrato do país que hoje somos às tricas noticiáveis com que nos brinda a classe política. Compreender esse Portugal do primeiro quartel de oitocentos é coisa bem mais complexa do que ter presentes os episódios que fazem a história militar. É, na verdade, pensar numa sociedade de Antigo Regime, em que uma enorme maioria rural vivia, de uma ou de outra forma, na servidão que alimentava um punhado de privilegiados.
É mais fácil perceber as elites, porque mais documentadas. Mas, ainda por cima tendo a revolta popular sido preponderante no quadro da Guerra Peninsular, há que ter o cuidado de perceber que isto não era, propriamente, um país de afrancesados contra a aristocracia dominante, que isto não se cingia às subtilezas da diplomacia. Nunca assim é. Qualquer processo revolucionário, antes de cativar as massas, parte de uma elite. No caso, porém, as massas agiram em função do entendimento que tinham do mundo, mais pragmático que patriótico.
Não custa perceber. Se olharmos para um passado recente, isto é, para o país rural do Estado Novo (fechado à inovação e à modernidade) , basta torná-lo mais atrasado e hermético para imaginar o que seria no início do século XIX. Sendo Portugal um sítio onde o fenómeno urbano foi modesto (Vitorino Magalhães Godinho associou a isso o nosso atraso), a sociedade de Antigo Regime que tínhamos (e que ainda não foi integralmente mudada) era essencialmente rural. Na Época Moderna, isto é, no período histórico que vai do fim da Idade Média até às revoluções liberais, nove décimos da população trabalhavam directamente a terra. Se lhes juntarmos os proprietários, os que entravam no negócio das rendas e outros, vemos que quase toda a gente estava ligada à terra. Estima-se que, para alimentar dez pessoas, oito ou nove tinham de trabalhar na agricultura.
Ainda subsiste a ideia de que a terra é a mais fiável e dignificante forma de património. Isso vem na sequência desses tempos e terá sido, quando todos gritavam “vêm aí os franceses!”, a mais premente preocupação. Um português rural pouco se importaria com as hesitações do príncipe regente ou com a debandada da Corte para o Brasil. Mas via o aceso à terra ameaçado.
Num recentemente reeditado ensaio sobre a reacção popular à invasão de Junot (“Ir prò Maneta”, Alêtheia Editores), Vasco Pulido Valente clarifica à partida o assunto: “Os rebeldes portugueses não queriam única ou principalmente destruir o exército do invasor: queriam o domínio do território”. Como sempre sucede nas nossas sociedades, os miseráveis eram maioritários e eram-no de uma forma esmagadora. Mas não podemos pensar que sonhavam com a equidade. Nestas sociedades de privilégios, os privilegiados lutavam para manter a condição e os restantes queriam a ela alcandorar-se. Pelos imbricados meandros de um mundo rentista, os da base da pirâmide trabalhavam desalmadamente para sustentar os que estavam em patamares superiores, assegurando a custo a própria sobrevivência. Mas não veriam além dessa ordem “natural”, e as revoltas – não só contra os invasores, mas também contra os poderosos – não buscavam mudanças de fundo.
Mesmo entre os letrados, as ideias de mudança, antes das invasões, eram incipientes. Porém, com a quantidade de estrangeiros que por cá passaram, trazendo na bagagem livros e ideais, a guerra agitou a pasmaceira. E foi na sequência disso que D. João VI, contrariado, voltou mais tarde do Brasil, para assumir o papel decorativo que lhe haviam reservado os vintistas.
Jornal de Notícias, 18 de Dezembro de 2007
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Aqui se demonstra que eu - o que dignamente caminha sentado sobre rodas - fui a inspiração para o célebre anúncio do Restaurador Olex/Petróleo Olex: "Um branco de carapinha não é natural".
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Adenda: será de bom tom dizer que a historiadora teve um início de debate desastroso, porque dos expedientes que usou para fazer passar determinada mensagem (a da subjectividade) só ficaram os expedientes propriamente ditos. Por exemplo, por muita razão que tenha (e até estava num tom de brincadeira), é logo rotulada de bruxa má quando diz que há restaurantes onde não se devem levar crianças...
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(a frase é de um tipo que diz que é médico e é de uma coisa qualquer de prevenção do tabagismo; não percebendo eu nada do assunto, custa-me a acreditar que haja alguma validade científica nisto)
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20 de Janeiro
Publicado por POS - domingo, 20 de janeiro de 2008 às 16:14.Hoje farias anos, querido Pai. Já não seriam poucos. Mesmo que não tivesses partido tão cedo, provavelmente assinalá-los-ia, de igual modo, nesta ausência de ti a que nunca soube habituar-me completamente. Suponho que não há mal nisso, apenas um sinal do meu carinho, agora perdido na confusão de um limbo de que aos poucos sairá, porque aos poucos nos molda esse paradoxo de resignação e inconformismo que é o tempo. Pela primeira vez, não estou com a nossa querida Nelinha neste dia. E tenho muita pena de a minha fé não ser feita de certezas, o que talvez a transforme numa espécie de não-fé na qual, enfim, também sou incapaz de acreditar totalmente. Seria bom saber que a recebeste nalgum espaço de serenidade, onde hoje brindariam a nós, que aqui persistimos, cumprindo a estranha ordem natural das coisas. Sei-vos juntos, pelo menos, nesse fortificado recanto do meu coração, até que também ele se cale. E, por via das dúvidas, aqui brindo a vós. Será uma maldade minha, talvez, pôr aqui a caricatura do teu livro de curso. Lembro-me que gostavas pouco dela e, de facto, causam-me estranheza aqueles cifrões. Coisas de miúdos, não saberias então, talvez, que a tua riqueza seria altruísta, infinitamente mais humana do que fiduciária. Mais justa. Mais perene. É a essa riqueza, a esse exemplo que em mim tento reconstruir todos os dias, que ergo a taça. Parabéns.
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em nome de ideais de liberdade
Quem era, afinal, esse homem que três vezes nos invadiu sem cá ter posto os pés? E o que era, para ele, Portugal? Napoleão Bonaparte, jovem pouco promissor de uma família da pequena aristocracia, fascinou, espezinhou, dominou. Em nome de ideais que, como tantas vezes sucede, são em boa parte o pretexto para materializar ambições de grandeza. Numa vida balizada por ilhas, da Córsega onde nasceu à recôndita Santa Helena onde foi escondido até à morte, foi no velho continente europeu que o génio militar dele fez imperador.
Começando pela segunda das perguntas atrás formuladas, podemos dizer que Portugal, para Napoleão, mais não era do que um despojo de guerra a partilhar, no esquema de vassalidades imperiais em que queria redesenhar a Europa, além de ser uma porta que importava fechar ao inimigo inglês. Como conceito, Portugal era nada, e mesmo o império luso era inatingível, porquanto a tricolor pouco valia no mar.
Já a outra questão – quem era esse homem? – reveste-se da complexidade evidente que impede resposta adequada em tão pouco espaço. Era um génio militar, não duvidemos, mas não pelo que tenha inovado, antes pela agilidade estratégica que revelava no campo de batalha. Pelo pragmatismo, pela rapidez de acção, pela capacidade de surpreender. Construiu uma máquina de guerra total e, mesmo quando quereria a paz, teve de centrar no combate militar toda a sua política e todo o seu reinado: o reinado de um imperador republicano, isto é, um enorme paradoxo.
Essa dualidade desconcertante pode, na forma resumida a que aqui nos obrigamos, ser facilmente descrita: sob a mesma pele vivia um homem que, em simultâneo, queria tornar universais os valores saídos da Revolução Francesa (na realidade, um processo mais longo, que durou até meados de oitocentos) e ser senhor do mundo.
Estudante mediano ou até medíocre – não faltam na História exemplos de grandeza, boa ou má, saída da pequenez -, Bonaparte foi, diz-se, um jovem excluído, menosprezado pelos colegas, fosse pela baixa estatura, pelo sotaque tosco e pelos pontapés na gramática, pelo temperamento egoísta e ensimesmado. Mas foi nesses mesmos tempos de exclusão que – passe a dedução quiçá abusiva – preparou a vingança, bebendo-a dos clássicos. Cícero ou Tito Lívio desenvolveram nele o fascínio pela grandeza imperial, mas foi sobretudo Plutarco, com as “Vidas de homens ilustres”, quem nele fez germinar ao longo da vida o ideal em que se reconstruiu.
Alexandre Magno foi a maior de todas as referências de Bonaparte, até pelo forma como este imitou aquele ao preparar a campanha do Egipto, fazendo acompanhar os exércitos de sábios e da instrumentação científica da época. Falhou, porém, a conquista do Mundo e cingiu-se ao domínio da Europa (nas palavras de Patrick Rambaud, “quis ser Alexandre, mas contentou-se em ser Carlos Magno”).
Governou ambiguamente. Enquanto usava mão de ferro para suster os desmandos da Revolução, transpunha para os códigos legislativos os ideais revolucionários. Com base na vontade popular (aprovação por plebiscito), construiu um poder de natureza monárquica. Partindo da liberdade, buscou a submissão dos restantes. Perdeu-se, pois, na ambição da hegemonia francesa, obtida através de conquistas ou assegurando a submissão dos restantes. Como os imperadores e reis medievos, quis repartir a Europa por vassalos (assim foi, por exemplo, com a colocação do irmão José Bonaparte no trono de Espanha; assim seria em Portugal, se os termos de Fontainbleu tivessem sido aplicados). Só os ingleses tinham capacidade de conter essa ambição. Contiveram-na.
Jornal de Notícias, 11 de Dezembro de 2007
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Luz verde para a ignomínia
0 Comments Publicado por POS - sexta-feira, 18 de janeiro de 2008 às 16:25.Etiquetas: Fumar, fundamentalismos, liberdade
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Van Halen, Jump
David Lee Roth, Jump
(via caixa de comentários de Os Anos do Metal)
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O esférico rolando sobre a erva
0 Comments Publicado por POS - segunda-feira, 14 de janeiro de 2008 às 18:45.(Luís Filipe Vieira, falando do novo jogador do benfica, Sepsi)
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onde o velho ia sendo esquecido
Sempre as anedotas são facilmente assimiladas. Sabe-se que o senhor D. João VI, enquanto esteve nos brasis, viu os médicos da Corte prescreverem-lhe banhos de mar, para alívio de alguma maleita agora incerta. Horrorizado com a água ou com a grandeza do oceano, era transportado numa liteira com grades, vestido, e mergulhado rapidamente pelos escravos que o carregavam. Episódios desses, além de criarem o estereótipo patético do monarca que fugiu em 1807, com Junot nos calcanhares, escondem a complexa importância dessa deslocalização para o Rio de Janeiro da capital do império.
Assim não pensam os brasileiros, que vêem no “Clemente” uma espécie de pai da pátria, pois a transferência da Corte para além-Atlântico foi a chave para conservar a unidade territorial de uma vastíssima colónia, até então nada mais do que uma fonte de alguns recursos e um mercado protegido para a metrópole. A partir de 2008, o Brasil pôde progredir, não apenas no plano da prosperidade material mas enquanto conceito, e assim definhou, também, o projecto de um grande império português baseado na América do Sul.
Porque, às vezes, é legítimo simplificar o complexo, há que insistir na circunstância de o príncipe regente, entalado entre dois enormes poderes que o transcendiam, ter sido empurrado para a água pelos ingleses, que pretendiam não apenas o acesso aos portos de Portugal, para combater em terra as tropas napoleónicas (no mar, Trafalgar selara em definitivo a hegemonia britânica). Em pleno “take-off” prematuro da industrialização, jogaram aqui a cartada decisiva para invadir, comercialmente falando, um colosso que viam em mãos erradas.
Sebastião José de Carvalho e Melo formalizara um inabalável sistema proteccionista em torno da América portuguesa: todo o trato tinha de ser feito com a metrópole e a industrialização das colónias era travada, transformando os que ali viviam e tentavam prosperar em portugueses de segunda. Ora, além do mal-estar que isso provocava na colónia, impedia os ingleses de pôr o pé em ramo verde, cenário radicalmente alterado com este processo.
Desembarcado em Salvador a 22 de Janeiro de 1808, o príncipe regente apenas esperou uma semana para outorgar a carta régia de “abertura dos portos às nações amigas”. Ora, as ditas nações amigas eram uma e uma só, que rapidamente passou a dominar o trato com a colónia. Até na metrópole, quando já cá andavam tropas britânicas, a política de terra queimada de Arthur Wellesley, destinada a dificultar a vida aos exércitos napoleónicos, passou por destruir, “en passant”, diversas estruturas da proto-indústria lusa, designadamente de algumas companhias privilegiadas do pombalismo.
Lá longe, a realeza acostumava-se ao calor e a todos os encantos dos trópicos, excepção feita a D. Carlota Joaquina, a sempre desavinda mulher do regente, que se via no desterro. À rainha, a demencial D. Maria, pouco terá importado ter passado os últimos anos da vida num território tão distante dos seus tempos de glória. Mas D. João e o herdeiro, D. Pedro, terão sido os primeiros brasileiros do coração.
Ao Rio de Janeiro, até então pouco mais do que uma aldeola, a Corte e a abertura internacional fizeram chegar a “civilização”, criaram um novo reino que fez esquecer o velho Portugal. Ergueram palácios, fizeram festas, construíram um esplêndido jardim botânico, enquanto por cá se vivia no medo e na revolta. Uma revolta que, como noutra ocasião se revelará, foi mais do povo do que das elites, mas também, contrariamente ao que se possa julgar, mais pela posse da terra do que por um fervor pátrio que, afinal, não era assim tão ardente.
Jornal de Notícias, 4 de Dezembro de 2007
Etiquetas: Guerra peninsular, JN
The west coast is for loading and unloading only
3 Comments Publicado por POS - sexta-feira, 11 de janeiro de 2008 às 00:01.Nem para país de serviços prestamos, nunca prestámos. Nos tempos da glória imperial, os holandeses, primeiro, e os ingleses, depois, limitaram esta nossa pátria à condição de armazenista de pimenta, arrecadando todos os proventos do posterior transporte e do retalho. Agora, queremos, orgulhosamente, ser a plataforma por onde outros passam. O futuro de Portugal, gritam-nos, está aí e num comboio que já nem "pouca terra" saberá dizer. Porque desistimos - ou desistem, por nós, todos os que se ufanam das paquidérmicas obras de regime - de ser produtivos, inovadores e pujantes. Ou, pelo menos, de sonhar com isso.
Máquina do tempo
Publicado por POS - quinta-feira, 10 de janeiro de 2008 às 00:15.Eu e a Manecas, há quarenta anos e picos, em Coimbra (onde foste buscar esse cabelo, rapariga?...). Estivemos outra vez juntos, há dois meses, num dos piores momentos das nossas vidas. Coisas que nunca cairão no esquecimento.
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Por isso, os comentários que se lêem nos blogues portugueses valem pouco, enquanto análise, mas tornam-se divertidos. A esquerda tem dificuldades em rever-se no Partido Democrático, mas, bipolarização oblige, não tem alternativa. E, dentro dessa facção, torce com mais intensidade por Barack Obama, quanto mais não seja por ser o único que, desde a primeira hora, esteve sempre contra a disparatada invasão do Iraque. Será esse, provavelmente, um dos argumentos a apontar pelo Daniel Oliveira, que nos promete explicar por que simpatiza com o senador do Illinois. Mas a diversão, como habitualmente, é dada pela direita. É que, em vez de se preocuparem com o "clube" deles, o Partido Republicano, também só se preocupam com a escolha do candidato dos democratas. Veja-se o João Miranda, que passa ao lado de John McCain, Mitt Romney ou Mike Huckabee, preocupando-se em torcer pela senadora Clinton (que votou favoravelmente a guerra do Iraque e, até hoje, ainda não soube descalçar essa bota), na medida em que apouca Obama: "o candidato dos media" (porque os media têm as costas largas, todos sabemos).
Ora, a verdade é que as primárias de New Hampshire ou os "caucuses" do Iowa, por mais que estes sejam apontados como estados-padrão estão longe de ser determinantes. De resto, estamos a falar da escolha de delegados para as convenções partidárias e, aí, parece-me que Obama continua em vantagem. Quando passar a "super tuesday" já haverá algo de palpável a dizer, mas, para já, tudo é circunstancial e folclórico.
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Ah, Orlando, vem mesmo a propósito!...
1 Comments Publicado por POS - segunda-feira, 7 de janeiro de 2008 às 23:52.De resto, a denúncia não merece interpretações políticas, sociológicas ou antropológicas. Foi obra de um palerma qualquer, coisa que abunda nesta nossa praia lusitana.
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«Regresso à caminheta e venho a saber depois que o lugar de Assento é estrada abaixo, para ao pé da igreja. Voltamos todos para Braga. Apontei o nome da miúda e o resto. Almoçarada em Gualtar com o Forte e o King-Kong, o motorista, que paga tudo e está simpatiquíssimo comigo e com o Mundo. Frango com arroz, à minhota, uma delícia. Vinho verde, à minhota, uma delícia. Como bundaradas porque adoro arroz de cabidela e vinho verde e minhotas: "Deolinda da Costa Rodrigues, 14 anos, no lugar de Assento, cá me ficas, mas este arroz marcha à frente!". »
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«Fumo, sim senhor, porque considero esse prazer como um dos poucos que, na jornada da vida, estão ao meu alcance.
«O que fumo? Uns cigarros quaisquer, porque cigarro é um tubo de onde desencanto utopias...
«Por que fumo? Porque gosto, porque enfermo dessa doença de que posso muito bem morrer mas para a qual não procurarei nunca remédio.»
José de Almada Negreiros
Civilização, Porto, 9 de Janeiro de 1936
(imagens do programa televisivo Zip-Zip, 1969)
* apenas porque a sobranceria asséptica desta lei, que proíbe totalmente sem proibir totalmente e transforma os fumadores em marginais de vão de escada, quase me obriga a protestar de cigarro em punho, cumprindo-a e desprezando os copinhos de leite que, sórdidos, riem em surdina de quem vêem a fumar à porta dos restaurantes.
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(o relator, ou narrador, ou lá como se diz, da TVI, convidando a uma intervenção do comentador, logo depois de o Boavista marcar ao Sporting)
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e viver encurralado entre tudo
Segundo na linha de sucessão a D. Maria I, o infante João não nascera destinado ao trono, mas à ociosa vida de uma realeza que restabelecera a ordem cerceada por Pombal. Só que acabou por governar aos 25 anos, não pela natural lei da vida, mas pela loucura que da rainha se apossou. Os retratos mostram-no grotesco, acompanham-no adjectivos pouco edificantes – timorato, hesitante, medroso -, atribuem-se-lhe modos boçais. Afinal, com os franceses à vista, tomou a única opção possível para manter Portugal numa espécie de independência.
Senhor de um reino sem poder e encurralado entre as forças que se defrontavam na Europa, lançou-se, talvez transido de pavor, na maior operação alguma vez montada: a viagem da Corte para o Brasil, onde veio a implantar a capital do reino e, nove anos depois, a ser aclamado rei. Voltaria D. João VI à metrópole em 1821, novamente contrariado e prestes a ser despido de poderes pela Constituição vintista. Certo é que, se o príncipe regente não tivesse, como alguns ligeiramente interpretarão, fugido com o rabo entre as pernas, a realeza teria sido capturada por Junot, e o reino retalhado e integrado no império napoleónico.
Um acumular de circunstâncias desfavoráveis, enfim, venceu as proverbiais incertezas do príncipe regente. Quando se soube que Bonaparte ordenara a invasão de Portugal e a captura da família real, a opção pela ida para o Brasil, já equacionada como recurso de emergência diversas vezes desde a crise dinástica quinhentista (e reforçada ao longo do século XVIII, com a crescente importância da colónia), tornou-se inevitável. Em 1801, o conflito conhecido por Guerra das Laranjas foi um primeiro sinal da incapacidade de defesa lusa e de que o reino não sobreviveria sem recurso à aliança com Inglaterra, tivesse essa opção os custos que tivesse.
Jean-Andoche Junot, que em 1807 comandou a primeira invasão francesa, havia sido, dois anos antes, embaixador em Lisboa, com a missão de pressionar o regente para cumprir o estatuto de neutralidade, travando o acesso de navios ingleses. A pressão aliviou com o empenho do imperador nas campanhas da Europa central e da Rússia, mas com o Bloqueio Continental a vigorar, os franceses, já em 1807, intimaram Portugal a cumprir o que estava decretado.
D. João e os seus conselheiros viveram, então, na corda bamba. A aceitação do ultimato francês reunia mais adeptos, sempre numa tentativa de minimizar danos, mas as perspectivas de retaliação inglesa (em especial se Portugal prendesse súbditos britânicos e lhes arrestasse os bens) eram tremendas, sendo a ocupação da Madeira apenas um princípio. Foram tempos de loucura diplomática, com o regente – em permanente ansiedade – a tentar o equilíbrio entre dois gigantes que o acossavam. Embora a partida para o Brasil estivesse a ser preparada, D. João não apreciava a ideia, e só a terá realmente assimilado sob pressão do embaixador inglês, Lord Strangford, que forçou ao fim da ambiguidade. Quando a invasão se consumou, a soberania portuguesa nada significava para Napoleão. Já não estava em causa o Bloqueio Continental, mas a tomada do reino e a execução do Tratado de Fointanbleu, que determinava a partilha dos despojos territoriais.
Baseada não só na necessidade pragmática, mas na noção teórica de que um grande império nasceria no Brasil, a fuga foi atempadamente calculada. Após a decisão final, demorou apenas três dias a concretizar. Mas não foi preparada na perfeição, e foram atabalhoados os momentos que antecederam a partida, a 29 de Novembro de 1807, para uma viagem que alteraria decisivamente o rumo de Portugal.
Jornal de Notícias, 27 de Novembro de 2007
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[enfim, vamo-nos divertindo com os comentadores, como aquele que há pouco, na RTP-N, destacava o apoio de "Ópera Whitney" (sic) a Obama, era incapaz de distinguir "caucuses" de primárias e pronunciava New Hampshire com o i bem aberto (hampsháier), erro comum que consistirá na transferência para as palavras compostas do radical "shire", que, assim isoladamente, se lê mesmo "sháier", enquanto Yorkshire, Lancashire, Cheshire ou Hampshire mantêm o i fechado, lendo-se "shi" exactamente como em sushi... excepto na Escócia, onde fazer rimar Hampshire com fire está certo... penso eu de que]
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O exercício que proponho - tal como me foi proposto - é simples e rápido. Duas faces de Bach, devendo ouvir-se a primeira (a conhecida suite para orquestra "Badinerie") e só depois desfrutar da segunda. Três minutitos chegam.
Ouvir primeiro
Ouvir depois
Aplaudir ou assobiar apenas no fim.
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