A criação do mundo


A educação por um canudo

São as pequenas guerritas, tantas vezes, que revelam a natureza de pessoas aparentemente impolutas. Não responder a um mail sério, explícito e correcto, por exemplo, é um gesto (ou uma ausência de gesto, digamos) que pode indiciar relações muito complicadas. Compreende-se que quem estuda um mundo de intrigas se torne, afinal, uma espécie de trapaceiro honorário.

Gado cavalar

No sábado passado, festejei os golos de Portugal. Silenciosamente, pois estava em casa e não quero criar imagens erradas junto dos vizinhos, para quem serei, além de mais um tipo que diz bom dia, boa tarde ou boa noite, simplesmente “o gajo do cão”. Bom, quando o FCP joga e marca, eles ouvem com clareza os festejos, mas isso são contas de outro rosário. Ao festejar os golos de Portugal, permiti que a emoção transcendesse a racionalidade. Não há mal em que isso aconteça e, quando a emoção é positiva e alegre, o mundo torna-se um lugar mais limpo. Creio, até, que o anticiclone dos Açores teria voltado antes ao sítio se isto fosse um país de gente feliz. Mas não é, embora as bandeiras nas janelas, esfarrapadas ou renovadas, o façam parecer. Isto da selecção, além dos maus fígados de Scolari, que não vêm para o caso, é mera alienação e branqueamento das misérias. E os primeiros a fazê-lo, embarcando na onda e engrossando o coro de balidos reverenciais, são os supostos especialistas do jornalismo. Quatro anos depois do fiasco desportivo de 2004, ainda são incapazes de reconhecer que a Grécia venceu porque Portugal se acobardou e falhou. Os gregos perderam, ontem, e os comentadores, ora vendo nisso surpresa, ora tentando explicar que não é a mesma equipa que nos estragou a festarola doméstica, saltitam, lampeiros, de asneira para disparate. Pensarão que deles depende a preservação da nobre raça lusitana, algo que, como não se sabe no topo do Estado, nos remete para gado cavalar, pondo-nos a perguntar às paredes se, no meio de tanta alarvidade, seremos nós as cavalgaduras.

De volta, aqui e ali ao lado

Sem explicações detalhadas, os últimos sete meses têm sido pautados por uma das maiores provações da minha vida, que na semana passada levei a bom termo. Não será essa a única desculpa para a falta de actualizações da tasca, pois a preguiça bloguística é já um clássico por estes lados. Voltarei agora a uma espécie de normalidade, sem sobressaltos, até porque outras coisas me ocupam, incluindo na blogosfera.

O assunto interessará mais aos jornalistas que por cá passam e que, acaso sejam minimamente atentos, sabem que integro uma lista candidata à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. Para esses em especial, mas para todos os que quiserem, fica aqui o link para o blogue de campanha, hoje lançado e cujo tempo de vida corresponderá à duração do processo eleitoral: Palácio Foz.




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