Hoje faço greve – uma greve que me recusei a sufragar – sem estar apoquentado com os resultados práticos do protesto, que não serão muitos. Faço-o contra a injustiça de um processo sumário que põe na rua 119 colegas. Faço-o porque acho ignóbil eleger negociadores e representantes, contar com eles ao longo de todo o tempo e deixá-los sozinhos na hora da verdade. Faço-o porque não aceito a mais perversa forma de medo, expressa em construções intelectuais justificativas que servem, apenas, para que esse medo se esconda sob espessa mas frágil crosta. Faço-o porque também tenho medo de tudo isto, mas considero que tal é inaceitável em democracia. Faço-o porque eu e todos os outros que mantêm o emprego, mesmo os que hoje estão a trabalhar, por convicção ou por cobardia, somos potenciais dispensáveis, aberto que está o precedente de despedir pessoas sem que o desempenho empresarial verdadeiramente o justifique. Faço-o porque, sendo jornalista, não abdico do meu dever de reflectir sobre os assuntos. Faço-o porque, sendo jornalista, não encontro outra forma de honrar o papel que a sociedade me atribui. Faço-o porque pouco me resta, na vida, além de princípios e convicções. Faço-o porque não suportaria ter vergonha do meu nome.
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Deixei aqui um :), depois apaguei. Achei pouco apropriado. Agora, não sei que mais possa deixar.
Um sorriso é apropriado em todas as circunstâncias da vida.
... e uma lambidela de cão, já agora!
Falando a sério: admiro (te) cada vez mais a tua verticalidade e, apesar de manter a minha, gostava de ser mais firme nas palavras. Ficam os gestos, como o que hoje alguns de nós tiveram, e, como fez a Abelhinha, um :)
Até já
Ora... verticalidade só se for da máquina "vertical traction", no ginásio :-)
Hmm... Complicado quando se chega a um ponto em que há que ter medo por se exercer o direito constitucionalmente garantido à greve. Mais um :).
Ai Pedro, grandes palavras... somos poucos, mas bons. E respeitamo-nos.