A criação do mundo


Home of the brave

Saber quem será a "pessoa mais poderosa do mundo" - Hillary tem o mérito de impedir que se fale no "homem mais poderoso" - é algo que, efectivamente, interessa a toda a gente. Era bom que assim não fosse, mas a verdade é que a pessoa que ocupa a Casa Branca (e quem a rodeia, e o que ela representa) é determinante para o pulsar do globo. Daí que os blogues, que ultimamente pretendem assumir-se como vanguarda da opinião, em detrimento da Imprensa, não possam passar ao lado do processo de selecção de candidatos que está em curso. E a generalidade encara isto como os campeonatos de futebol estrangeiros: é-se adepto de uma equipa (o Chelsea, porque lá estava o Mourinho, o Manchester United, por causa do Cristiano Ronaldo) que, na verdade, nada nos diz (embora eu conheça um tipo - português, claro - que é fã do Liverpool, acima de todos os clubes cá da terra), e discutem-se as vicissitudes desportivas ao sabor dessa apetência clubística.

Por isso, os comentários que se lêem nos blogues portugueses valem pouco, enquanto análise, mas tornam-se divertidos. A esquerda tem dificuldades em rever-se no Partido Democrático, mas, bipolarização oblige, não tem alternativa. E, dentro dessa facção, torce com mais intensidade por Barack Obama, quanto mais não seja por ser o único que, desde a primeira hora, esteve sempre contra a disparatada invasão do Iraque. Será esse, provavelmente, um dos argumentos a apontar pelo Daniel Oliveira, que nos promete explicar por que simpatiza com o senador do Illinois. Mas a diversão, como habitualmente, é dada pela direita. É que, em vez de se preocuparem com o "clube" deles, o Partido Republicano, também só se preocupam com a escolha do candidato dos democratas. Veja-se o João Miranda, que passa ao lado de John McCain, Mitt Romney ou Mike Huckabee, preocupando-se em torcer pela senadora Clinton (que votou favoravelmente a guerra do Iraque e, até hoje, ainda não soube descalçar essa bota), na medida em que apouca Obama: "o candidato dos media" (porque os media têm as costas largas, todos sabemos).

Ora, a verdade é que as primárias de New Hampshire ou os "caucuses" do Iowa, por mais que estes sejam apontados como estados-padrão estão longe de ser determinantes. De resto, estamos a falar da escolha de delegados para as convenções partidárias e, aí, parece-me que Obama continua em vantagem. Quando passar a "super tuesday" já haverá algo de palpável a dizer, mas, para já, tudo é circunstancial e folclórico.

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