Várias vezes referi - e continuarei a fazê-lo - que o Movimento Informação é Liberdade mais não é do que uma plataforma de combate em nome da criação de uma ordem dos jornalistas (em minúsculas, porque não existe), tão sonhada por alguns. Sempre tenho dito que sou contra essa ideia. O argumento do policiamento da deontologia não colhe, pois pode ser feito pelos pares que nos representem no seio da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (algo que me parece ser uma reivindicação justa), mas, o que realmente me tira do sério são as veleidades respeitantes ao acesso à profissão. Aí - deixem-me engolir em seco - sou absolutamente liberal. Para se ser jornalista basta saber ler e escrever. Porquê? Porque só esse pressuposto básico pode garantir a diversidade no seio da profissão, única forma de assegurar informação livre, não normalizada, não formatada, não condicionada. Aos responsáveis dos meios de comunicação social competirá decidir se querem ou não apenas licenciados, se querem ou não apenas licenciados em jornalismo (a exclusividade, por decreto, dessa forma de acesso, seria um grave atentado à liberdade de expressão). A qualificação é algo a que a profissão deve ambicionar, mas o fecho de portas pode significar que a liberdade fica do lado de fora. Em função do que cada órgão de informação for e produzir, aí estará o mercado a ditar as suas leis. Sem necessidade de figurões que queiram ser controleiros. Porque a liberdade de expressão não pode ser controlada senão no que respeita ao cumprimento da lei. E mesmo aí não pode ser travada.
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Já para não falar que cada vez mais jornalistas saltam das redacções para se tornarem criados de luxo do poder vigente.
E, é claro, depois dessa rodagem há sempre a possibilidade de ver criados saltarem do poder para serem directores de qualquer coisa.
Kandandu, Camarada
Caro Orlando,
Fazer parte das redacções dá e sempre deu, como saberás, azo a muitos tipos de aproveitamento indevido, algo que tem a ver com a natureza das pessoas. Não era sobre isso que eu estava a falar, o que torna o teu comentário um pouco deslocado.
e que fazem eles às carradas de licenciados que produzem?
Ora aí está! Sempre achei curioso que os que querem regular o acesso a esta profissão sejam, em boa parte, os que dão aulas nos curssos de comunicação social que cresceram como cogumelos neste país, produzindo sucessivas fornadas de candidatos ao desemprego.