A criação do mundo


E ainda ainda...

Maria de Fátima Bonifácio sei eu quem é, conheço o que faz, sei da validade para o bem comum que tem sido a vida profissional dela (se é que a produção de conhecimento ainda é bem comum, nesta sociedade de autómatos), sei, agora, que foi a única pessoa capaz de dizer coisas acertadas neste debate televisivo, designadamente a propósito da facilidade com que se atenta contra a liberdade individual (não, ainda não acho que se aplique a tudo, ainda não sou liberal recalcitrante). Ninguém com dois dedos de testa contesta a promoção da saúde pública, nenhum fumador acha que tem o mais salutar dos hábitos, nenhuma pessoa bem educada gosta de incomodar terceiros. Porém, legislar radicalmente e transformar os fumadores em intocáveis (no sentido indiano, não no sentido Eliot Ness) é, mais do que um abuso por parte da classe política, um preocupante sinal não daquilo para onde caminhamos, mas do que já somos: um colectivo em que a verdade oficial justifica a intolerância e a negação da diferença, rejeitando a individualidade do ser humano e a liberdade de errar. Se quiserem ter a coragem de equiparar o tabaco à heroína, ilegalizando-o, o tal "espírito da lei" fará sentido. Como agora se apresenta, tem apenas aquele ar sórdido da pequena vingança, da reles inveja, da mesquinhez.


Adenda: será de bom tom dizer que a historiadora teve um início de debate desastroso, porque dos expedientes que usou para fazer passar determinada mensagem (a da subjectividade) só ficaram os expedientes propriamente ditos. Por exemplo, por muita razão que tenha (e até estava num tom de brincadeira), é logo rotulada de bruxa má quando diz que há restaurantes onde não se devem levar crianças...

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