Duas pinceladas de actualidade
1 Comments Publicado por POS - sábado, 26 de janeiro de 2008 às 14:48.
Emergência médica
Pedir a cabeça do ministro é um caminho fácil, mas não conduz à resolução de um problema que é quase civilizacional. O telefonema para o INEM, lançado para a esfera mediática para combater a intocabilidade dos bombeiros, indicia um mal que, não sendo de modo algum geral, está há muito identificado e nunca foi combatido. Qualquer pessoa que já tenha tido contacto com algumas corporações de bombeiros, no Interior, sabe que o voluntariado, muitas vezes, mais não significa do que uma vontade de afirmação pessoal em sociedades de horizontes limitados. É o fascínio da farda, são os metais dourados que refulgem nas retinas das moças, são os bailaricos, as fanfarras, as dispensas do trabalho para tocar nas fanfarras... Não é a regra, repito, mas ainda funciona muito assim, e não são poucos os voluntários sem preparação efectiva, até no que ao combate a fogos respeita (lembre-se a tragédia de Armamar, resultante da incapacidade de leitura das circunstâncias previsíveis de um incêndio florestal). Torna-se notório que o ministro quer implementar um sistema sem assegurar que não há peças enferrujadas, o que é condenável, mas (sem pôr em causa o imprescindível e louvável papel dos voluntários) esquece-se que os ditos "soldados da paz" formam um grupo de pressão demasiado poderoso, em boa parte por causa da aura de santidade que impede o questionamento duma série de coisas.
Corrupção
Caem o Carmo e a Trindade por causa de uma declaração do bastonário da Ordem dos Advogados. António Marinho e Pinto, queira-se ou não, tem o mérito de agitar as águas. Sempre teve, mesmo quando não fala com o mais profundo conhecimento dos assuntos. Não fazem sentido os gritinhos ofendidos de parlamentares e quejandos (é antidemocrático falar em "classe política", porquanto a política deve ser a cidadania aberta a todos, não um privilégio de classe). Dos políticos, portanto, é apenas expectável que exijam investigações que dissipem as dúvidas, dúvidas essas que subsistem com ou sem declarações de bastonários. Dizer que o bastonário tem de concretizar as acusações é folclore, na medida que não é responsável pela investigação criminal neste país. Assim, no meio de tudo isto, fica a impressão de que haverá um pacto de silêncio que vincula todos os que assumem determinados cargos e que, por não o cumprir, Marinho e Pinto é um alvo a abater. Mas isso não passa de uma impressão, mais coisa de cidadão do que de blogger.
Pedir a cabeça do ministro é um caminho fácil, mas não conduz à resolução de um problema que é quase civilizacional. O telefonema para o INEM, lançado para a esfera mediática para combater a intocabilidade dos bombeiros, indicia um mal que, não sendo de modo algum geral, está há muito identificado e nunca foi combatido. Qualquer pessoa que já tenha tido contacto com algumas corporações de bombeiros, no Interior, sabe que o voluntariado, muitas vezes, mais não significa do que uma vontade de afirmação pessoal em sociedades de horizontes limitados. É o fascínio da farda, são os metais dourados que refulgem nas retinas das moças, são os bailaricos, as fanfarras, as dispensas do trabalho para tocar nas fanfarras... Não é a regra, repito, mas ainda funciona muito assim, e não são poucos os voluntários sem preparação efectiva, até no que ao combate a fogos respeita (lembre-se a tragédia de Armamar, resultante da incapacidade de leitura das circunstâncias previsíveis de um incêndio florestal). Torna-se notório que o ministro quer implementar um sistema sem assegurar que não há peças enferrujadas, o que é condenável, mas (sem pôr em causa o imprescindível e louvável papel dos voluntários) esquece-se que os ditos "soldados da paz" formam um grupo de pressão demasiado poderoso, em boa parte por causa da aura de santidade que impede o questionamento duma série de coisas.
Corrupção
Caem o Carmo e a Trindade por causa de uma declaração do bastonário da Ordem dos Advogados. António Marinho e Pinto, queira-se ou não, tem o mérito de agitar as águas. Sempre teve, mesmo quando não fala com o mais profundo conhecimento dos assuntos. Não fazem sentido os gritinhos ofendidos de parlamentares e quejandos (é antidemocrático falar em "classe política", porquanto a política deve ser a cidadania aberta a todos, não um privilégio de classe). Dos políticos, portanto, é apenas expectável que exijam investigações que dissipem as dúvidas, dúvidas essas que subsistem com ou sem declarações de bastonários. Dizer que o bastonário tem de concretizar as acusações é folclore, na medida que não é responsável pela investigação criminal neste país. Assim, no meio de tudo isto, fica a impressão de que haverá um pacto de silêncio que vincula todos os que assumem determinados cargos e que, por não o cumprir, Marinho e Pinto é um alvo a abater. Mas isso não passa de uma impressão, mais coisa de cidadão do que de blogger.
Etiquetas: Portugal
Meu caro
Pedir a cabeça do ministro não "é um caminho fácil". Provavelmente, utilizando uma linguagem menos cuidada percebas melhor, mas Portugal abraçou há muito a causa europeia, isto é, em teoria já deveria ter zarpado, também há muito, do então chamado Terceiro Mundo. Acresce a tudo isto que está instalada a maior confusão no que diz respeita aos cuidados de saúde em Portugal, e tudo porque o tal de ministro avançou com oito mil, oitocentas e oitenta e oito medidas diferentes nem sempre lógicas em nome de qualquer coisa que ainda não percebe. Resumindo: eu faço, directa e indirectamente, a festa, lanço os foguetes (nem que seja contra o povo...) e danço ao ritmo do bum-bum que acontecer, em nome do interesse público, mas se isso só servir para enriquecer uns tantos vendedores de pólvora e armar a maior confusão dos últimos 30 anos, há apenas um único caminho a seguir: alguém que me tire a cabeça (salvo seja)!