A criação do mundo


Philly

A dezena de pontos percentuais de vantagem conseguida na Pensilvânia é, para Hillary Clinton, não o balão de oxigénio de que necessitava, mas uma borrifadela de laca que a mantém, aparentemente, tesa na corrida e a salvo das pressões partidárias para abandonar. A verdade é que Barack Obama reduziu substancialmente o grande fosso que existia e mantém a dinâmica vitoriosa. Prevê-se que nenhum dos dois consiga, antes da convenção nacional do Partido Democrático, assegurar o número de delegados suficiente para garantir a nomeação, pelo que o folclore eleitoral está para durar. Interessa notar, ainda, como os resultados deste Estado são reveladores. Hillary ganhou, sobretudo, nos meios rurais da Pensilvânia. Em Filadélfia, naturalmente o condado com mais eleitores inscritos, Obama teve 65%, e até no Allegheny County (no coração da ruralidade, mas onde fica Pittsburgh, a segunda maior cidade da Pensilvânia), o senador do Illinois conseguiu chegar aos 46%, minando a grande aposta de Clinton, que era conseguir uma vantagem de dois dígitos bem mais substancial. Esta dualidade entre a América rural e a América urbana, que não se verifica em todo o lado, pode ser sobreposta aos dados étnicos e não deixa grandes dúvidas: para os "rednecks", a questão racial parece ser determinante.

3 Responses to “Philly”

  1. # Anonymous Anónimo

    Olá! Sei que este é o meu 4.º comentário seguido... em tão poucos posts... (e, acredite, nem sequer é hábito meu comentar posts em blogues, pois apenas costumo participar no Baixa do Porto e no 5.ª Cidade, uma espécie de blogues colectivos ---não consigo por links nesta caixa de texto---)... mas, mesmo correndo o risco de ser banida deste “mundo” pelo seu criador por “excesso de comentários” :-), confesso não ter conseguido resistir ao tema que a leitura destes dois últimos posts me fez despertar: o rural e o urbano.
    Passei metade da minha vida no habitualmente designado de “campo” (numa terreola perdida em Trás-os-Montes) e a outra metade na “cidade” (Porto), e desde há algum tempo que comecei a por em causa este binómio utilizado desde tempos remotos, o urbano/rural. Com a evolução que actualmente está a decorrer a nível de tecnologias de informação, de novas formas de viver e praticar as mais diversas actividades, novas formas de transporte, etc. e tal, ainda faz sentido continuar a insistir nesta dualidade? Com as implicações que tal dicotomia tem associadas? Tais como, só para dar um ex., terrenos rústicos/terrenos urbanos (que pagam impostos diferentes), entre outras, claro!
    Como não quero ser banida por fazer, além de muitos, também longos comentários, finalizo a dizer que há algum tempo atrás (2003) escrevi um pequeno artigo que foi publicado numa revista dedicada ao Direito do Urbanismo e do Ordenamento do Território (RevCEDOUA), dedicado exactamente ao binómio urbano/rural. Se tiver curiosidade posso enviá-lo por e-mail :-)

    Cumprimentos

    A que está na iminência de ser banida  

  2. # Blogger POS

    :-) Ninguém é banido daqui, excepto se houver insultos ou outras parvoíces, o que, evidentemente, não é o caso. Só tenho de agradecer o interesse e a participação.

    Nos Estados Unidos, essa dicotomia faz todo o sentido, entre estados e dentro dos próprios estados. Não exactamente num confronto entre ruralidade e urbanidade, mas devido à maior ou menor resistência de esquemas mentais profundamente arreigados. A Pensilvânia (Pennsylvania, colónia baptizada com o nome do fundador, William Penn), nasceu de fundamentos religiosos e, embora assente num maior ecumenismo, contrariamente aos puritanos da Nova Inglaterra, criou mentalidades herméticas e pouco dadas à mudança. Em metrópoles como Filadélfia, esse factor dilui-se, por causas de toda a ordem, entre as quais os fluxos migratórios ocupam papel destacado. Nos meios rurais, não. Embora abertos ao progresso e tendo acesso a oceanos de informação, mantêm esquemas comunitários e comportamentais muito próprios. A questão dos direitos civis, levantada por homens como Martin Luther King Jr. ou Malcolm X, está longe de ser um problema resolvido nos Estados Unidos. E embora seja redutor encarar a eleição em curso como uma questão racial, é evidente (e os resultados têm-no mostrado, aqui e ali) que a cor da pele não é indiferente. Não apenas a história mas, sobretudo, a vivência quotidiana, mostram-nos que as mentalidades mudam muito mais lentamente do que toda a tecnologia.

    Claro que tenho curiosidade, pode ser para o endereço que está ali ao cimo da coluna da direita.  

  3. # Anonymous Anónimo

    Parece então que não é desta que vou para a lista dos exilados que constam na Wikipédia quando se pesquisa a palavra "exílio" :-)

    Sim, também entendo que as mentalidades evoluem muito mais lentamente do que a tecnologia, e inclusivé de forma mais lenta do que as próprias necessidades... muitas vezes as pessoas têm necessidades que são consequência dos novos modos de vida e respondem com uma mentalidade de há séculos atrás...

    Obrigada pelo interesse no meu artigo. Vou enviá-lo.

    Até à próxima :-)  

Enviar um comentário



© 2006 A criação do mundo | Blogger Templates by GeckoandFly.
No part of the content or the blog may be reproduced without prior written permission.