A criação do mundo


Um (entre tantos) dilema liberal

Parece que a nova moda entre os muçulmanos, ou determinados sectores islâmicos (salvaguardemos o que houver para salvaguardar), é implicar com os emblemas de clubes de futebol ocidentais. Se o diabo foge da cruz, eles odeiam-na. Mas a verdade é que a indignação a ocidente seria bem maior se alguém usasse suásticas, e estará sempre por demonstrar se os nazis eram mais horríveis do que os cruzados, um misto de carniceiros, saqueadores e fanáticos religiosos. Enfim, ultrapassar os rancores do passado é um sinal de maioridade evolutiva que a humanidade ainda não alcançou. Porém, o curioso da questão não está na renúncia aos nossos valores. Está na circunstância de os mais revoltados - os defensores da liberdade total - não quererem ver que, sem a obsessão do mercado global, a gente mandava os descontentes à merda e deixava-os a jogar futebol no deserto. Porém, os interesses geoestratégicos falam mais alto do que a moral ou do que o orgulho, e o mercado, esse supremo valor do liberalismo económico, é que define os interesses geoestratégicos. Um mercado que se quer global mas de modo algum é livre, embora de liberdade seja sempre travestido. Resumindo, somos agora governados pela ideia de que eles têm de levar connosco, mas nós não temos de os aturar. Não temos, certamente, mas não somos capazes de viver sem eles.

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