A criação do mundo


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Acreditávamos, sem o dizer,
Que o tempo de viver
Seria longo, suave, pleno
De anos e de dias. Sereno

E rico de esperança.
Capaz de nos animar
E de nos fazer amar
Cada passo desta dança

Em que crescemos,
Sempre com vagar,
Como se fosse chegar
A paz que, pelo menos,

Nos deixasse cumprir
As promessas que, a rir,
Calámos em segredo,
Travados pelo medo.

Sempre, nessas juras de novo mundo,
Fingimos não saber
(embora todos saibamos, no fundo)
Que o tempo não permite
Viver além do limite
Que é morrer.

Mesmo se muitos,
Os anos são poucos no coração.
Assim no teu, Mãe, que sem razão
Parou.
Calou
Todo o amor
Que só dentro de mim grita
Um berro que me agita,
Sob a máscara petrificada
De quem não acredita.

Não quisemos saber, querida,
(embora o soubéssemos bem)
Que não se manda no tempo e na vida.
Que apenas se obedece,
Morrendo
Ou vivendo
Com a morte.

(Re)aprendendo
A viver
Até
Ao
Fim.

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