Tinha para mim que Pacheco Pereira era um tipo inteligente, mas vejo que me enganei, pois não passa de um espertalhão das dúzias com dinheiro para comprar toneladas de livros. A desonestidade intelectual, como me dizia ao jantar um amigo, é incompatível com a inteligência, e o nosso saltimbanco do populismo erudito falha aí em toda a linha. Um texto que escreveu para a última edição da "Sábado" é, com efeito, revelador de um carácter que continua a mobilizar seguidores, o que apenas se compreende por este ser um país onde a iliteracia e a imbecilidade imperam. Pim. Ora, se a atitude contra os Superdragões - grupo marginal que pouco me diz - é compreendida por toda a gente, pois "apertaram-no", certo dia, à porta do hotel portuense em que estava hospedado, o mesmo não pode dizer-se, como apontei um destes dias, da animosidade que cultiva em relação ao "Jornal de Notícias". Mas, como essa atitude hostil é notória, não surpreende a comparação que faz entre as formas como JN e DN, dois jornais do mesmo grupo, um sedeado no Porto, outro em Lisboa, noticiaram a captura e a ida a juízo de instrução de suspeitos da noite portuense. Diz que o que está bem é publicar "biografias" dos suspeitos, coisa que o JN não fez e, na opinião do douto analista, deveria ter feito. E ainda bem que o JN não o fez. Só a cegueira selectiva de Pacheco Pereira - não quero acreditar que estejamos perante um caso de menoridade de raciocínio - pode permitir que se veja como sendo normal a identificação pormenorizada de suspeitos que ainda nem arguidos eram. Gente sem culpa formada. Se assim é em Guantánamo, por que não deverá sê-lo na nossa paróquia? Como dizia a outra, "quem tem ética passa fome", e o senhor Pacheco não me parece subnutrido.
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a fobia do senhor com os Superdragões (que tem a marginalidade da restante sociedade portuguesa...)não deriva de ter sido apertado, mas sim das judiciosas palavras posteriores de Pinto da Costa. isso é que deixou o senhor MAIS rancoroso.