Enquanto acontecimento desportivo - que também o são, haja sensatez -, os Jogos Olímpicos valem tanto na China como na Ilha dos Amores. Valem muito. Falar do assombro de Usain Bolt, da inefabilidade de Michael Phelps ou da proverbial forma como as possibilidades dos desportistas portugueses são inflacionadas é, em Pequim ou em Patópolis, exactamente a mesma coisa. Isso não nos desliga da vertente política, talvez a mais essencial dos Jogos, mas não a que mais entusiasma quem aprecia estas coisas do citius, do altius e do fortius. Saber distinguir essas vertentes é importante, mas é algo em que muitos comentadores falham, em especial os que trabalham na órbita do fenómeno desportivo. Que os chineses de Portugal vão para a televisão dizer que o Ocidente critica porque não compreende, enfim, será algo natural. Vi na televisão, inclusivamente, um treinador de atletismo originário de Angola a dizer que certos países, de culturas diferentes da nossa, necessitam de algo a que chamou disciplina. Falava da terra dele, pois. Bom, é certo que um dos erros do Ocidente é querer impor a todo o Mundo um modo de vida que alguns julgarão perfeito. Disso é exemplo recorrente a falcatrua norte-americana, assente no pressuposto da extensão ao globo de algo a que se chama democracia. Porém, o que se diz em relação à China nada tem a ver com isso. A contestação nasce no próprio país, e a revolta do mundo dá voz à multidão de chineses descontentes, brutalmente silenciada pelo regime. Os atropelos de Pequim, antes de tudo, são denunciados pelos chineses que têm a coragem de o fazer. E nenhum deles é dono de restaurantes ou vendilhão da acupunctura em Portugal, como aqueles a que a nossa comunicação social alegremente dá voz.
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Porquê *vendilhões* da acupunctura? Abraço.
Não pela acupunctura em si, evidentemente, mas pela atitude de sofreguidão mediática e mercantilista do senhor em causa... Abraço.
Ah, ok. Posto assim, faz sentido, só que estou por fora nesta. Quem é o senhor em causa?
Eheheh, isso não digo. Queres que eu seja processado por difamação? Lá por teres contactos em Custóias, não estou interessado em ir para lá...
Tá bem, depois dizes-me. Quanto a Custóias, acho que infelizmente me armaram uma para me tirar lá e da Zarco. Mas não há crise, o mundo não acaba em Matosinhos e só é chato que o concurso deste ano (como de todos os anos em que não há concursos) seja para necessidades residuais. Ou seja, quase com 20 anos de serviço, continuo a apanhar com o que calha. Da mesma maneira, vou para onde calhar, o que significa, entre outras coisas, que vou ser avaliado por alguém que não conheço, que não me conhece e que, da maneira que as coisas estão, pode ser mal-intencionado ou, pelo menos, desconfiar de mim. Enfim... Até breve!
Explicação aos (restantes) leitores:
A caixa de comentários de um blogue é um meio tão bom como outro qualquer para dois irmãos comunicarem...